Iluminação
A lâmpada mais eficiente é a desligada, bons hábitos comportamentais de privilegiar iluminação natural ou desligar luzes em zonas desocupadas é a melhor medida de eficiência energética possível.
A iluminação natural é frequentemente abandonada por várias razões, em especial o encandeamento, os reflexos, falta de privacidade ou excesso de calor.
Por isso, qual vão envidraçado deve ser controlável, nem que seja através de uma simples cortina translúcida ou mesmo filmes de controlo solar colados ao vidro. Ao garantir níveis de iluminação inferiores ao exterior torna-se difícil ver para dentro. Permite igualmente controlar o encadeamento, devido a uma filtragem da intensidade solar.
Por fim, há benefícios térmicos devido a um aumento do factor solar (filtragem) da radiação que entra no Verão, ao mesmo tempo que serve de barreira às perdas de radiação do próprio vidro, geralmente mais frio do que as paredes.
Os reflexos controlam-se com uma escolha do ângulo do monitor, eventualmente reajustando a disposição das mesas. Idealmente, a iluminação solar não será directa, recorrendo, por exemplo a tubos de luz (link curioso: http://www.youtube.com/watch?v=FJpYFzv4L_U&feature=fvwrel) ou mesmo prateleiras de luz (light shelves):
Literalmente, mais cedo ou mais tarde ter-se-á de recorrer à iluminação artificial. Independentemente do tipo de lâmpadas a escolher, o mais importante é ter bem definida uma estratégia para a iluminação artificial.
Deve-se questionar a operacionalidade de algumas soluções comummente aceites, como iluminação indirecta, sancas, ou mesmo “abat-jours” demasiado opacos; Todas estas formas são ineficientes pois há uma quebra do fluxo luminoso.
Porque não priorizar a iluminação local em detrimento de iluminação geral? Os níveis de iluminação mais elevados são geralmente reservados a actividades localizadas; não é por acaso que existem candeeiros de mesa, que parecem hoje esquecidos nos projectos luminotécnicos de, por exemplo, escritórios. Enquanto o trabalho de escrita requer níveis de iluminância na ordem dos 500 lux, 100 lux são suficientes para uma circulação; estamos a falar de uma medida de eficiência energética com reduções no consumo até 80%! Há inclusive vantagens na iluminação dedicada e individual a nível da produtividade, uma vez que privilegia a concentração.
Por fim, não deve haver excesso de iluminação. É costume encontrar em escritórios e comércio (e casas particulares...) séries de lâmpadas desligadas, ou luminárias duplas com apenas uma lâmpada ligada (aliás, uma luminária com metade das lâmpadas fluorescentes ainda vai ter consumos parasitas associado aos balastros sobredimensionados...).
Os níveis de iluminação mais comuns são:
Local |
Nível de iluminação (lux) |
Notas
|
Circulações horizontais |
50
|
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Escadas |
100
|
|
Instalações Sanitárias |
100
|
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Refeitório |
200
|
|
Recepção |
100
|
|
Escritório |
300-500
|
|
Desenho técnico |
750
|
|
Cozinha |
500
|
|
Trabalho de precisão |
1000
|
|
Tipos de lâmpadas
Define-se eficiência como a capacidade lumínea (medida em lumens) por Watt (W) eléctrico. É possível estabelecer uma “hierarquia de eficiência” para a iluminação mais comum:
As Lâmpadas incandescentes tradicionais estão já em phase out na União Europeia, estando a ser substituídas por lâmpadas de halogéneas enclausuradas no mesmo tipo de bolbo. Pontualmente existirão ainda incandescentes para utilizações específicas, como por exemplo lâmpadas de fornos.
Devem ser substituídas por lâmpadas fluorescentes compactas (se funcionamento> 500 horas/ano) ou leds (actualmente a maior vantagem é ainda a longevidade superior). Em caso de substituição, dever-se-á ter em conta o tipo de casquilho (E14 fino ou E27 grosso) e a cor da luz:
Cor |
Temperatura (K) |
Notas
|
Azulada |
6000
|
|
Normal |
4300
|
|
Amarelada |
3000
|
|
Bem como a potência equivalente:
Incandescente
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Fluorescente Compacta
|
LED
|
25 W
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5 W
|
3 W
|
40 W
|
8 W
|
9 W
|
60 W
|
12 W
|
12 W
|
75 W
|
16 W
|
-
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100 W
|
20W
|
-
|
Deve-se ter também em atenção as garantias quanto ao número de horas de funcionamento. Marcas menos idóneas têm saturado o mercado com lâmpadas que acabam por ter uma vida mais curta.
As lâmpadas de halogéneo são geralmente usadas em focos. São mais eficientes que as lâmpadas incandescentes normais, mas estão muito abaixo das lâmpadas fluorescentes compactas ou leds. A principal (única) vantagem destas lâmpadas prende-se com a sua elevada restituição cromática, i.e. mantém a cor original dos objectos iluminados. Existem halogéneos de nova geração, que permitem poupanças na ordem dos 40%, contudo, recomenda-se que sejam substituídos por lâmpadas fluorescentes compactas, ou mesmo leds. Tipicamente, para suportes tipo GU10, as opções de substituição serão:
Halogéneos |
H. nova geração |
Fluoresc. Compactas
|
LED
|
25 W
|
18 W
|
7 W
|
5 W
|
35 W
|
25 W
|
-
|
-
|
50W
|
35 W
|
-
|
-
|
Deve-se ter em consideração que a maior parte das instalações com halogéneo, a iluminação está em excesso dado que o espaçamento entre lâmpadas seguiu critérios puramente estéticos; Poder-se-á considerar uma redução da potência, com consequente adaptação para uma luminosidade mais baixa?
Confirme a voltagem antes de fazer qualquer substituição. Frequentemente, as lâmpadas de halogéneo são alimentadas a 12 V (baixa voltagem).
As lâmpadas fluorescentes tubulares requerem um arrancador e um balastro. O consumo do arrancador, embora elevado dura fracções de segundo, pelo que não tem impacto real no consumo eléctrico.
O balastro influencia o consumo e portanto devem-se usar balastros electrónicos em detrimento de balastros ferromagnéticos, com a vantagem adicional de aumentar a vida da lâmpada. As lâmpadas variam em espessura e comprimento; A espessura vem geralmente codificada em polegadas, sendo da mais grossa para a mais fina, T12, T8 e T5. As T12 estão desactualizadas e devem ser imediatamente substituídas por T8. A substituição das T8 por T5 é mais complexa: Ou se substitui a luminária, ou se compram kits adaptadores. As lâmpadas mais comuns são T8 com 1500mm de comprimento (58W), 1200mm (36W) ou 600mm (18W). Frequentemente, lâmpadas mais eficientes com as trifosfóricas, não reduzem o consumo, mas conseguem emitir mais luz, por isso, uma boa estratégia de iluminação é fundamental.
Renovação de Sistemas
• Há oportunidade de utilizar iluminação natural?
• É controlável?
• Vai causar encandeamentos ou reflexos?
• Qual a sensibilidade da Arquitectura para soluções out-of-the-box como prateleiras de luz, ou iluminação localizada?
• A iluminação artificial pode coexistir com a natural?
- Como estão organizados os circuitos de controlo? Em função da distância às janelas?
- Vale a pena ter um controlo de intensidade (dimming)
- Zonas com ocupação temporária e esporádica poderão ser controladas por detector de presença? Estão salvaguardados os riscos de desligarem as luzes apesar de haver pessoas, ou por estarem quietas, ou por estarem em ângulos mortos do detector?
• Justifica-se colocar um relógio para a iluminação geral? E se houver sobreocupação? Justifica-se interruptor com temporizador para “dar” mais horas de luz?
• Pode haver 2 níveis de iluminação distintos? Por exemplo, para a ocupação normal e para situações transitórias, como ronda do segurança ou limpezas?
• Defina o nível de iluminação para cada zona (lux)!
• Especifique iluminação em função da hierarquia da eficiência (led; fluorescente T5; fluorescente compacta)!
• Confirma as especificações do controlo!
• Verifique se há potências superiores a 8W/m2; Se existirem verifique se deve ser mesmo assim.
Bibliografia
[1] EN12464 – Light and lighting, Comité Europeu de Normalização, 2002
[2] CTV021 – Lighting – Bright ideas for more efficient illumination, Carbon Trust, 2007
[3] CTL027 – How to refurbish office lighting, Carbon Trust, 2008
[4] Make the switch now – replacement guide for classic light bulbs, Philips, 2009