Os veículos elétricos
Em termos genéricos falamos de veículos elétricos, híbridos ou de combustão interna, de acordo com a tecnologia de propulsão usada pelo motor. Como todos sabemos a tecnologia do motor de combustão tem sido a escolhida por mais de um século, seja por razões históricas – a revolução industrial – seja por razões económicas – o advento do petróleo como fonte de energia disponível, abundante e barata.
Os carros puramente elétricos têm um único motor, movido a eletricidade e possuem baterias para armazenamento dessa energia. Inicialmente eram tipicamente considerados lentos, de pouca autonomia, mas de baixo consumo, não poluidores e silenciosos. Exemplos destes veículos são os carros de golfe, alguns veículos usados nos aeroportos, havendo contudo aplicações em carros e motas para uso quotidiano (em Portugal existe mesmo a Associação Portuguesa do Veículo Elétrico, tal como em muitos outros países). Nos últimos anos, o sector automóvel, por diversas razões tem vindo a aposta cada vez mais no desenvolvimento de veículos elétricos que permitam equiparar-se em funcionalidades aos veículos co motor de combustão, mas reduzindo substancialmente o seu consumo energético.
Existem essencialmente quatro tipos de Veículos Elétricos:
- Veículos Elétricos a bateria (VE)
- Veículos Elétricos Híbridos (VEH)
- Veículos a Pilha de Combustível (VPC)
- Veículos Elétricos Alimentação Direta (VEAD)
Em termos de eficiência energética os veículos elétricos são sempre os líderes, já que o motor de combustão está limitado pelo limite de Carnot, (desenvolvimentos no uso de hidrogénio em motores de combustão evidenciam o aumento de eficiência: tema abordado mais adiante). A questão no entanto não se fica por este parâmetro como veremos.
História
Os veículos elétricos não são recentes, ao contrário do que se possa pensar. Os primeiros veículos foram desenvolvidos em França e Inglaterra nos finais da primeira década do séc. XIX (os americanos só mostraram interesse quase um século mais tarde, em 1895, mas 2 anos depois já havia uma frota de táxis elétricos a circular em Nova Iorque).
A título de curiosidade: um dos primeiros modelos elétricos – o Phaeton, da Wood, de 1902 – custava 2000 USD, tinha uma autonomia de 29 km e uma velocidade máxima de 22 km/h. O desenvolvimento da indústria automóvel foi enorme e no início do séc. XX já existiam veículos elétricos, a gasolina e a vapor. Os veículos elétricos eram os mais procurados dada a ausência de cheiro, vibrações, ruído e algo tipicamente americano – não necessitavam de mudanças (os veículos a vapor também não tinham mudanças, mas tinham outras desvantagens fáceis de imaginar e das quais destacamos a espera de 45 minutos para pegar o motor numa manhã fria). O preço normal dos carros na altura rondava os 1000 USD, mas os veículos elétricos andavam pelos 3000 USD, em 1910, dado o nível de sofisticação do seu interior. A sua produção teve o seu pico em 1912.
O declínio do veículo elétrico deu-se com a melhoria das estradas e acessos que requereriam uma autonomia maior do que a simples e curta deslocação no centro das cidades e com a descoberta do petróleo no Texas que reduziu o preço da gasolina. Charles Kettering, em 1912, inventou a ignição elétrica, eliminando assim a necessidade de “dar à manivela”. Henry Ford iniciou a produção em massa de veículos de motor de combustão interna e a vendê-los a preços entre os 500 e os 1000 USD, enquanto o preço dos veículos elétricos continuava a aumentar.
O desaparecimento do veículo privado elétrico desapareceu por volta da década de 1930 e ressurge apenas nas décadas de 1960 e 1970 com a crise do petróleo e consequente necessidade de encontrar alternativas ao uso da gasolina. A evolução até ao presente tem sido em grande parte fomentada pelos tratados, regulamentos e medidas internacionais para a redução das emissões de gases de efeito estufa e mais recentemente com as políticas de desenvolvimento sustentável.
Os veículos híbridos (motores elétricos e de combustão) apareceram na década de 90 como alternativa imediata, já que reduzem o consumo de gasolina e ao mesmo tempo continuam aos “olhos do público” a ser a mesma coisa, sem grandes necessidades de adaptações ou alterações. Esta aposta deu-se sobre tudo nas marcas Japonesas como a TOYOTA e a HONDA, lideres nestes segmentos.
A última crise dos preços do petróleo de 2008, aliado às questões ambientais e à necessidade da indústria automóvel encontrar inovações que permitam continuar a vender carros, vieram dar um novo impulso ao carro puramente elétrico. Aliados aos recentes avanços tecnológicos, farão com que a atual década seja a década do início do carro elétrico comercial.
Eficiência
Como foi explicado não se trata de uma equação simples: autonomia, velocidade, combustível, armazenamento, benefícios fiscais, inércia legal, economia de escala, entre outros. Qual dos caminhos vai ser seguido? Não sabemos... no entanto tal como nas renováveis, o mix dos híbridos e de células de combustível será o futuro mais próximo e a economia de base em hidrogénio o futuro. O foco deveria ser no consumo e nas emissões para os veículos híbridos e não a sua velocidade máxima ou aceleração. Os governos deveriam aprovar leis para a conversão progressiva para os híbridos e ao mesmo tempo canalizar as verbas para o desenvolvimento da economia com base em hidrogénio estudando como obter hidrogénio de uma forma limpa.
Temos pena que os incentivos para veículos híbridos e de baixo consumo (abaixo dos 6 L / 100 e reduzindo para 5 em 2 anos) não existam na prática (ao contrário dos EUA e mesmo quando já houve no IRS de anos passados), pois decerto dariam a vantagem competitiva em relação aos tradicionais. Assistimos ainda à cultura dos “aceleras” e não dos cidadão conscientes e responsáveis. Os filmes continuam a mostrar carros velozes e poluidores; as nossas crianças crescem a querer um carro veloz, o que só por si augura um futuro complicado para as tecnologias amigas do ambiente, cujos objetivos são muito mais latos e os impactos muito mais profundos.